A Venezuela está a poupar no consumo de energia elétrica. Em finais de Abril, pelo menos durante duas semanas, os funcionários públicos desse país trabalharam apenas às segundas e às terças para poupar tanto na luz, como na água, devido à seca provocada pelo fenómeno meteorológico «El Niño». Com esse mesmo propósito, o fuso horário também foi alterado no dia 1 de Maio.
Consumo de energia elétrica: Governo de Venezuela decreta corte de quatro horas diárias
A crise elétrica que está a atingir a Venezuela fez com que o Governo do Presidente Nicolás Maduro anunciasse um racionamento na distribuição de energia elétrica nos 10 estados mais industrializados e populosos do país, o que inclui a capital Caracas. Por exemplo, haverá um corte de quatro horas por dia na maioria dos municípios.
A redução da semana de trabalho também integra o pacote de medidas para a redução do consumo de energia elétrica e não é uma medida inédita: em inícios de Abril, o Governo venezuelano já tinha anunciado a paralisação dos serviços do Estado às sextas, juntando-se agora as quartas e as quintas.
Por outro lado, o fuso horário foi adiantado em meia hora. De acordo com as autoridades da Venezuela, com esta medida, a população consegue aproveitar melhor a luz do dia e diminui o consumo de energia elétrica. Sendo assim, a região regressa ao antigo fuso horário, alterado em 2007, por um pedido do então presidente Hugo Chávez para, mais uma vez, ajudar a poupar na electricidade.
Corte de energia tem originado saques
Estas medidas de poupança no consumo de energia elétrica originaram diversos protestos por toda a Venezuela. Houve inclusive saques em sete estados do país, apesar de o regime não ter reconhecido oficialmente a ocorrência desses distúrbios. Porém, o jornal Versión Final informa que os saques atingiram pelo menos 12 estabelecimentos: desde lojas de electrodomésticos a instituições do Governo, passando por padarias e pelos supermercados.
A capital do Estado petrolífero de Zulia, Maracaibo, que se localiza no Oeste da Venezuela, foi um dos focos de maior tensão: a sua população ficou em estado de fúria por não poder recorrer à electricidade para enfrentar as elevadas temperaturas.
Esta localidade teve ainda um corte severo de energia logo no primeiro dia (a 25 de Abril): este deveria ter terminado às 4 da madrugada, mas prolongou-se no decorrer da manhã.
Embora o Governo associe «El Niño» a este racionamento, alguns analistas consideram que esta crise tem origem na falta de infraestruturas: quase 70% da electricidade da Venezuela provém de fábricas hidroeléctricas que estão a trabalhar com um nível mínimo de água, perante a grave seca provocada por «El Niño». A acrescentar que a população não paga muito pela energia e, por isso, não se sente motivada a economizar.
Fonte: Jornal de Negócios
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