No passado mês de Maio, no decorrer de quatro dias consecutivos, o consumo interno de electricidade de Portugal foi fornecido somente a partir de energias renováveis. Foram 107 horas – entre as 06:45 de 07 de Maio e as 17:45 de 11 de Maio – em que o país funcionou através de energia hídrica, eólica e solar. Como resultado, houve uma poupança nacional na importação.
Abastecimento com energias renováveis atingiu um «recorde nacional»
A ausência de emissões de carbono no abastecimento da rede eléctrica portuguesa trouxe benefícios ambientais, mas houve ainda um positivo impacto económico, devido a uma menor importação de petróleo e de carvão. Sendo assim, este passo importante para tornar o país dependente somente de energias renováveis pode diminuir de forma drástica a emissão de gases estufa, sem esquecer que este tipo de fontes possibilita que o consumidor poupe na factura da electricidade: os preços praticados seriam mais reduzidos.
De acordo com a associação ambientalista Zero, com esta iniciativa, atingiu-se um «recorde nacional» neste século. No entanto, para alcançar esse objectivo, foi necessário ultrapassar alguns desafios. É o caso das reduzidas interligações, nomeadamente entre França e Espanha. Mesmo assim, todas as necessidades de consumo em Portugal foram completamente asseguradas, para além de ter sido possível exportar uma percentagem importante de electricidade, tanto de origem unicamente renovável, como complementada em algumas situações por fontes não renováveis.
A lembrar que desde 2013 que metade da produção de electricidade em Portugal é garantida a partir de energias renováveis. Por exemplo, no ano passado, estas fontes produziram 48% da energia do país. A energia eólica foi aquela que mais contribuiu, com 22%. Porém, nunca tinha sido assegurado este tipo de abastecimento da rede no decorrer de tantos dias consecutivos.
Consumo interno de electricidade pode ser fornecido só com energias renováveis durante 365 dias por ano
Na opinião do Presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), António Sá Costa, esta iniciativa é um «prenúncio do que se vai tornar realidade num futuro próximo, que serão 365 dias por ano». Além disso, acrescenta que «é uma prova de que é possível, para todos aqueles que duvidavam».
Esta aposta em energias renováveis surge como uma alternativa a outras fontes de electricidade que até trouxeram má fama a Portugal a nível internacional: no final da década de 80, o país recebeu uma plataforma de grandes dimensões para a produção de energia cujo combustível principal era o carvão.
Tratava-se da Central Termoeléctrica de Sines – pertencente à EDP. Passados 20 anos, este complexo foi classificado como um dos mais poluentes do continente europeu pela organização não governamental World Wide Fund for Nature, que se dedica à conservação, investigação e preservação ambientais. Logo, Portugal posicionou-se como um dos países mais poluentes da Europa: ocupou o 27º lugar na lista Europe´s Dirty 30.
Fonte: Observador
Comentar