Arquitectura com natureza

Um casa-paisagem: imagine. Imagine um mar vestido em rigor de azul e uma praia quase deserta na Costa Brava, litoral do nordeste de Espanha, o silêncio animador da brisa e o cheiro avassalador do sal que cai na língua.

Agora imagine-se lá a morar, a idealizar a casa dos seus sonhos naquele terreno íngreme – e contrate o arquitecto, de barcelona, Jordi Garcés. Missão: dar corpo ao sonho – ao sonho dos donos do terreno, claro. Mas não fique triste – neste instante, aqui e agora, o terreno passou a ser seu. E meu. Nosso, vá.

Uma casa com uma praia dentro

Os donos sonham, depois pedem e a obra nasce: o arquitecto quis trazer a praia para dentro de casa – e, ah!, se conseguiu! Quem se banha na piscina rectangular de borda infinita, e infinitamente bordada pelo redor, tem a sensação de estar tranquilamente a bater pernas e braços no mar.

E quem, em conversa afiada que perde a noção do tempo que gosta de estar perdido, estiver sentado no conjunto de mesinhas com cadeiras na varanda – conta com o privilégio da companhia do mar imenso e profundo, mesmo mesmo, ali ao lado sem ter de dobrar a esquina, porque as não há, desta casa-paisagem.

Cercada por beleza por todos os lados,

Esta casa-paisagem é a beleza miss natureza: é estonteante, é viral – quando dá conta tem os sentidos preenchidos e nada mais quer do que passar a maior parte do dia do lado de fora. Jordi Garcés percebeu e, na arquitetura, privilegiou o lazer. O arquitecto criou um ginásio, assim como outros espaços recreativos, no nível subterrâneo da residência – além da pérgola de madeira bem ali ao lado da piscina.

A verticalidade da propriedade divide a casa em quatro andares diferentes, sendo que cada um conta com diferentes elementos programáticos, que contrastam e complementam o bloco da natureza, todos eles proporcionando vistas deslumbrantes e paradisíacas para o mar.

Mira, mi precioso, um mirante!

Terá começado assim a primeira visita dos donos da casa-paisagem à maravilha arquitectónica projectada por Jordi Garcés – são jardins suspensos e um pequeno pátio ao ar livre no topo da casa, uma espécie de mirante a que se adicionou um muro de pedras com plantas lindas. O quarto também possui um terraço do lado de fora, com acesso através das portas envidraçadas, elegantíssimas, e ainda ganhou um cantinho de leitura com a poltrona majestosa do casal. Está a vê-la florida e com rebordos dourados como eu?

Mediterrâneo acordado

e vivo, inspira-se na lua para brilhar – e inspirar. Optar por revestimentos em gesso de estuque branco, não terá sido apenas uma escolha, foi uma inspiração pelo mar, pela paisagem, pelo reino que nos entra olhos adentro e teima em ficar ali. Ali naquele lugar que também é casa, casa-paisagem, morada de sonhar, com código postal de mar em três últimos dígitos de sol, do rés-do-chão ao quarto andar sempre a pique de sonho, uma espécie de sonho que não tem de acordar.

(Mas agora tem de ser, acorde!, vá, esta casa-paisagem já tem donos. De qualquer forma, pode cá vir ao texto sempre que a quiser abraçar.)

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