As habitações eficientes, ou casas ecológicas, são uma solução crescente para enfrentar os problemas de consumo energético do planeta, mas à medida que estas habitações se multiplicam, surgem os problemas associados à arquitectura ecológica sem contemplação por sistemas de ventilação adequados.
A Síndrome do Edifício Doente ou Síndrome dos Edifícios Doentes designa o conjunto de factores que afectam a saúde dos habitantes de casas contaminadas por fungos e bactérias ou elevados níveis de químicos e toxinas. Os sintomas mais frequentes deste problema são dores de cabeça, irritações oculares e nasais, garganta irritada, tosse, fadiga, náuseas ou pele desidratada.
Nos EUA estima-se que a Síndrome do Edifício Doente seja responsável por metade dos casos de adoecimento de funcionários e consequentes ausências do local de trabalho. E no entanto, as causas da Síndrome do Edifício Doente são bastante simples:
Os edifícios desenhados para possuírem elevada eficiência energética, são concebidos para isolarem o ar interior de modo a melhor controlarem as condições internas de temperatura e humidade. Sem ventilação adequada, o vapor de água gerado por transpiração, banhos ou cozinhados, não tem como escapar e irá inevitavelmente condensar-se algures. Também se acumulará o CO2 da respiração, efectivamente o poluente mais comum nas habitações. Isto é tão verdade quanto ser comum que os níveis de CO2 sejam maiores numa habitação do que na rua!
Quais as causas da Síndrome do Edifício Doente?
A Síndrome do Edifício Doente encontra a causa em dois problemas fundamentais:
Por um lado, a selecção de materiais de construção nem sempre é a mais correcta. As casas pensadas para possuírem eficiência energética podem ter paredes exteriores isoladas, mas possuírem no seu interior materiais facilmente afectados pela humidade, como paredes de gesso cartonado e papel de parede. Uma má concepção das paredes interiores pode gerar diferenciais de temperatura nas superfícies que provoquem condensação indesejada.
Por outro lado, o foco no isolamento térmico tende a negligenciar a composição química e a transpirabilidade dos materiais utilizados num restauro ou reparação. Efectivamente, muitos construtores ou clientes não terão o cuidado de utilizar tintas, vernizes ou colas de baixa toxicidade, fazendo com que com a habitação demasiado isolada, estes materiais transpirem químicos à medida que secam ao longo de meses ou anos. Isto provocará problemas respiratórios e alérgicos, mesmo que não lhes sintamos os odores para detectarmos o problema.
Ora a ventilação é precisamente o factor mais negligenciado nas habitações de alta eficiência energética, pois as considerações do isolamento térmico podem facilmente ofuscar todas as outras. Tornar um edifício simplesmente estanque é irresponsável, pois torna-o um ecossistema propenso à acumulação de doenças.
Este problema não afecta apenas habitações sem rendimentos capazes de pagar melhores desenhos arquitectónicos, como o prova o triste caso do Tribunal de Recurso de Alberta: desenhado para ser climatizado e saudável, falhas no desenho do sistema de climatização tornaram todo o edifício uma cultura de bactérias e toxinas que adoeceu juízes e funcionários judiciais.
Como evitar o Síndrome do Edifício Doente?
Se você ou os seus familiares adoecem frequentemente, ou os seus colegas de trabalho apanham as mesmas doenças, principalmente meses e anos após uma renovação feita para climatizar a sua habitação ou local de trabalho, é possível que esteja a ser atacado pelo Síndrome do Edifício Doente.
E se pondera renovar a sua casa de modo a manter o clima interno de modo mais eficaz, não cometa o erro de simplesmente selar a casa com portas e janelas. Contrate peritos em climatização para se certificar que mantém uma adequada circulação de ar, seja esta natural ou através de ventiladores com recuperação de calor.
Por outro lado, tenha especial cuidado na selecção dos materiais com que irá revestir ou pintar as superfícies da sua habitação e prefira os de menor toxicidade. Deste modo, evita que se acumulem no ar interior da sua casa os vapores de colas, tintas e vernizes.
E não negligencie as plantas para purificar o ar! Plantas como a sanseviéria, conhecida como espada-de-santa-bárbara ou rabo-de-lagarto, absorvem toxinas diversas e tornam-se pilares na prevenção da Síndrome do Edifício Doente.
Nota: Artigo originalmente publicado a 15 de Abril de 2014. Conteúdo foi actualizado.
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